Em 24 de maio de 1872 nascia em Portalegre/RN, cidade
situada no Alto Oeste potiguar, na chamada Tromba do Elefante, Rodolfo
Fernandes de Oliveira Martins. Era ainda adolescente quando começou a trabalhar
no comércio, na cidade de Pau dos Ferros/RN. Posteriormente tomou um vapor e
seguiu para o Amazonas, durante o período do primeiro ciclo da borracha,
seguindo o caminho traçado por muitos outros nordestinos em busca de vida
melhor. A viagem, por si, para uma região ainda selvagem, já demonstrava a
bravura daquele jovem. Por sua inteligência e sagacidade, tornou-se chefe de
grupos de seringueiros. Lá permaneceu por dois anos. Voltou para o Rio Grande
do Norte e foi trabalhar em Macau, que naquela época começava a despontar como
grande produtora de sal marinho. Permaneceu por dois anos na Companhia
Comércio, construindo salinas. Mudou-se para Mossoró aonde veio a consorciar-se
em 1900 com Isaura Fernandes Pessoa, com quem teve quatro filhos: José,
Julieta, Paulo e Raul, sendo, esse último, escritor, historiador e cientista de
renome nacional. Trabalhou ainda na firma Tertuliano Fernandes&Cia, na
construção de salinas, sendo o responsável pela implantação de motores a óleo,
em substituição dos velhos e antiquados cata-ventos de puxar água, o que
permitia melhor aproveitamento das marés. Em 1918 estabeleceu-se por conta
própria na indústria salineira. Era a recompensa pela sua dedicação ao
trabalho.
Numa
cidade como Mossoró daquela época, um jovem empreendedor como Rodolfo Fernandes
não podia ficar fora da política. Saiu candidato e se elege Prefeito de Mossoró
para o período administrativo de 1926 a 1928. E como Prefeito implantou um
ritmo novo na administração municipal: calçou ruas, cuidou das praças,
providenciou a planta topográfica da cidade, fincou marcos na área urbana,
delimitando as avenidas e as ruas, planejou e aumentou a cidadela de Souza
Machado, como escreveu um dia o historiador Vingt-un Rosado. Foi um grande
administrador para Mossoró. Naquela
época a região Nordeste vivia momentos de intranqüilidades com a presença de
grupos de cangaceiros roubando, matando e causando pânico por onde passavam. As
cidades viviam a mercê dos bandoleiros, já que a presença de força pública era
insignificante. Em 1927, no segundo ano do seu mandato, Rodolfo tomou
conhecimento de que um grande grupo de cangaceiros estava planejando invadir
Mossoró. À frente dos cangaceiros estava o famigerado Lampião, terror dos
sertões. Era mister tomar providências rápidas. Um boato dessa monta não podia ser
desprezado. Buscou, então, ajuda do Governo Estadual, pedindo reforço de tropa
e armas. A resposta foi negativa. O Estado não podia ajudar. Restava, portanto,
convocar o povo para uma guerra santa. Guerra civil, com a participação mínima
de militares. Mossoró tinha muito a perder, se o ataque acontecesse. A cidade
era rica, com uma agencia do Banco do Brasil, fábricas de óleo e de
beneficiamento de algodão, um comércio que tinha influência não só no Oeste
potiguar, como também em parte dos Estados do Ceará e da Paraíba. Tinham que
resistir. Com paciência e humildade ganhou a confiança dos mossoroenses e
tornou-se comandante das tropas de defesa.
Em
13 de junho de 1927 aconteceu o que já era esperado: Os cangaceiros atacaram a
cidade. Foram rechaçados; viva a Mossoró! Viva ao Prefeito Rodolfo Fernandes.
Mas
Rodolfo, tão forte e tão bravo na defesa de sua cidadela, era um homem doente.
E o esforço com a batalha foi muito grande para ele. Morreu no dia 11 de
outubro de 1927, na capital da República, para onde tinha sido levado logo que
seu estado clínico agravou. Partiu sem terminar o seu mandato de Prefeito.
Deixou como legado um exemplo a ser seguido pelas gerações futuras.
A
cidade reconheceu o seu valor e demonstrou o amor que tinha pelo seu Prefeito,
denominando de Rodolfo Fernandes a antiga Praça 6 de Janeiro, localizada no
coração de Mossoró. Outra homenagem prestada ao grande homem foi a do povoado
de São José dos Gatos que pela Lei Estadual nº 2763 emancipou-se, desligando-se
do município de Portalegre, com o nome de Rodolfo Fernandes.
FONTE – BLOG DE GMAIA
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